terça-feira, 2 de outubro de 2012

Análise do poema de Fagundes Varela "Cântico do Calvário"


Sua obra-prima foi o “Cântico do Calvário”, escrito em memória do filho.

 

Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angustias conduzia

O ramo da esperança. - Eras a estrela

Que entre as névoas cintilava

Apontando o caminho ao pegureiro (guardador de gado, pastor)

 

     Varela colocou neste poema todo seu sentimento, toda a dor provocada pela perda desse filho. São versos tristes, mas ternos. Principalmente os primeiros que são antológicos (admirável). “Eras na vida a pomba predileta que sobre um mar de angustia conduzia o ramo da esperança...” Fica na memória de quem lê. O leitor se enternece ao ler cada verso, sente a dor do eu-lírico...

 

A religiosidade aparece em todo poema que é um lamento, um grito de dor de um homem amargurado e que se sente culpado pela tragédia.

 

“...  Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!

      E de meu erro a punição cruenta

      Na mesma glória que elevou-me aos astros,

      Chorando aos pés da cruz,hoje padeço!

 

    O apego a religião dava uma certa esperança ao poeta de, quem sabe, encontrar seu filhinho depois da morte. Fagundes Varela apela para a crença numa vida pós-morte a fim de atenuar a sua dor, pois sem esperança ela seria insuportável. E termia assim:

“... Mas não! Tu dormes no infinito seio / Do criador dos seres!...

...Quando a morte fria / Sobre mim sacudir o pó das asas,

Escada de Jacó serão teus raios / Por onde asinha subira minh’alma.
 
 
Por: Jhonata Teixeirão 

6 comentários: