terça-feira, 9 de outubro de 2012

A musa do Parnasianismo "Hebe"

   Coincidência ou não, Hebe já inspirava autores "sérios" do período Parnasiano.  Sua personalidade irreverente e seu jeito extrovertido contribuiram para que um poeta parnasiano- Raimundo Correia, escrevesse como manda a cartilha da Arte pela Arte, mas endeusando nossa musa "Hebe".
    Claro, que quando o autor escreveu o poema não era de Hebe Camargo à quem ele se referia, porém, para nós, cai como luva, uma vez que o poema descreve perfeitamente como era a loira que nos encantava nas noites de Segunda.


O Vinho da Hebe- Raimundo Correia

"Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
E ela, passando, os copos lhes enchia...


A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia...


E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa...
Passa, e não torna atrás o seu caminho.


Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho. "



    Neste poema Parnasiano temos uma mulher idealizada, que inspira e é comparada com uma deusa. A alegria de Hebe é comparada com o vinho, na qual enchia o cálice do povo que é subentendido como a vida das pessoas.
    Hebe na ultima estrofe deixa a saudade na vida do eu-lírico, saudade esta que é descrita como vinho, O vinho da Hebe.



Por: Jhonata Teixeirão

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Análise do poema de Fagundes Varela "Cântico do Calvário"


Sua obra-prima foi o “Cântico do Calvário”, escrito em memória do filho.

 

Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angustias conduzia

O ramo da esperança. - Eras a estrela

Que entre as névoas cintilava

Apontando o caminho ao pegureiro (guardador de gado, pastor)

 

     Varela colocou neste poema todo seu sentimento, toda a dor provocada pela perda desse filho. São versos tristes, mas ternos. Principalmente os primeiros que são antológicos (admirável). “Eras na vida a pomba predileta que sobre um mar de angustia conduzia o ramo da esperança...” Fica na memória de quem lê. O leitor se enternece ao ler cada verso, sente a dor do eu-lírico...

 

A religiosidade aparece em todo poema que é um lamento, um grito de dor de um homem amargurado e que se sente culpado pela tragédia.

 

“...  Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!

      E de meu erro a punição cruenta

      Na mesma glória que elevou-me aos astros,

      Chorando aos pés da cruz,hoje padeço!

 

    O apego a religião dava uma certa esperança ao poeta de, quem sabe, encontrar seu filhinho depois da morte. Fagundes Varela apela para a crença numa vida pós-morte a fim de atenuar a sua dor, pois sem esperança ela seria insuportável. E termia assim:

“... Mas não! Tu dormes no infinito seio / Do criador dos seres!...

...Quando a morte fria / Sobre mim sacudir o pó das asas,

Escada de Jacó serão teus raios / Por onde asinha subira minh’alma.
 
 
Por: Jhonata Teixeirão 

sábado, 22 de setembro de 2012

Análise do Poema "Lembrança de Morrer"- Álvares de Azevedo


Análise do Poema “Lembrança de Morrer”

Lembrança de Morrer

Álvares de Azevedo

"Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa! "

 

    No poema “Lembrança de Morrer” o eu lírico expõe todas as características que se fazem presentes no segundo período do romantismo. O próprio título já nos da uma ideia do sentimento de melancolia e o apreço pela morte, tal como a fuga do real.

    Neste trecho temos a noção de como o eu lírico está desgostoso com a vida e o quanto a levava com tédio e vivia a cada dia não como se fosse o último, mas sim, com cansaço e querendo que este logo acabasse.

“[...] Eu deixo a vida como deixa o tédio

Do deserto, o poento caminheiro

-Como as horas de um longo pesadelo

Que se desfaz ao dobre de um sineiro; [...] “.

    Há um lamento em relação à vida errante, mas dela não se arrepende, porém, sentirá saudades das coisas imaginárias a que viveu, como, a ilusão, a realidade por ele criada, suas noites e o mistério a que sua vida era envolvida. Saudade sentirá dos poucos amigos e dos pais, que por ele sofreram vendo suas dores e desgostos.

Para o poeta do “mal do século” importam suas impressões, seu mundo interior, seu sofrimento, porém, tudo isso dentro de si, no silêncio, na imaginação, onde só padece o corpo e quem ao redor está.


Por: Jhonata Teixeirão

sábado, 8 de setembro de 2012

Arco e Flecha...

Poema Arco e Flecha- Marina Silva


Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.

domingo, 29 de julho de 2012

Casa dos Rostos... Um conto de terror e suspense

Casa dos Rostos

Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um rosto pintado no chão de cimento.
Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.
Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.
Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade, era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os lábios e o queixo.
Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a "Casa dos Rostos". Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro, pendurando-o então ao lado da lareira.
Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos rostos misteriosos.
Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.
Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores contaram de nove a dezoito imagens.
Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.
O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa? Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários, parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que explicasse a origem dos retratos.




Livro Encontros Espectrais, da coleção Mistérios do Desconhecido.





Por: Jhonata Teixeirão

domingo, 15 de julho de 2012

Nem a Rosa, Nem o cravo....


Nem a Rosa, Nem o Cravo.

                                  Jorge Amado

As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem se quiserem das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros boiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como uma nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!


AMADO, Jorge
                Contos postomos ano 12. Jorge Amado. Ed. CTRX. 1999




Por: Jhonata Teixeirão

domingo, 8 de julho de 2012

O Papel do Crítico Literário


    A arte não é apenas entretenimento. Ela também provoca reflexão e transformação. No caso da literatura, esta ainda proporciona a aquisição de um repertório lingüístico mais complexo, sem o qual não é possível haver conhecimento, uma vez que todo o conhecimento humano passa pela linguagem; ou como proferiu Wittgenstein: “As fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo”.



    A ruptura promovida pelo Modernismo e a chegada e estabelecimento da Pós-Modernidade são argumentos de sobra para a ruína de uma visão romântica e conservadora sobre o que é literatura.



    Em todos os suportes e mídias, em todos os gêneros; sejam eles orais, escritos ou audiovisual; a linguagem é usada de forma artística, logo, é objeto necessário dos estudos literários. Assim, ao estudar a Literatura hoje, devemos abraçar toda e qualquer forma de expressão verbal artística e intelectual. Isto abrange desde as formas mais ancestrais (epopeia, novela, romance, conto, crônica, ensaio, epístola, manifesto, poesia lírica, letra de música, poesia concreta, teatro, ópera...) até as novas modalidades (roteiro de cinema, teledramaturgia, cartum, charge, gibi, quadrinhos, spot de rádio, outdoor, slogan, peças publicitárias para a TV, propaganda em geral, stand up comedy, blog, fanfic etc).



    Todos os gêneros textuais e todos os suportes de comunicação e expressão devem ser contemplados pelo estudo literário e assim devem ser objeto de reflexão do profissional graduado em Letras, sobretudo aqueles com especialização em Literatura.



    Esse profissional é o crítico literário, ou seja, um crítico de arte especializado na arte da linguagem. Ele analisa o argumento (enredo), o contexto, o discurso, as ideologias, as ferramentas retóricas utilizadas, o efeito proposto, o efeito obtido, a importância política, a forma, o conteúdo; o valor sócio-cultural, filosófico, pedagógico, histórico, além do valor estético.



    O crítico literário é, portanto, um filósofo da arte verbal. No estudo de Literatura e Teoria da Literatura, o graduando em Letras deve obter as ferramentas para compreender a arte literária, sua importância e função, tanto nos suportes tradicionais (livro, teatro, folhetim, música...) quanto nos mais atuais (rádio, cinema, revista, TV, internet).



    O crítico literário é um guardião da história, um defensor de tradições, um curador do folclore, ou seja, um estudioso da cultura que define a identidade nacional de um povo. Mas ele também é um pensador, um formador de opinião, um crítico das ideologias, consequentemente, sua função essencial é pesquisar, produzir e inovar.



    Sem a arte não há espírito humano. A arte é a expressão máxima de técnica aliada a sentimento, racionalidade aliada a experiência, idealismo aliado a empirismo, tradição aliada a ruptura. A arte define e revela quem somos, que mitos cultivamos, em que ideais estéticos nos espelhamos, quais sentimentos escondemos e quais repudiamos. Como disse Lacan: “o artista precede o psicanalista”.



    Logo, o crítico literário é também um leitor e intérprete das metáforas e alegorias da vida; um contemplador dos mitos, lendas, símbolos, arquétipos e investigador de seus significados; um observador atento da sociedade e um estudante da psique humana.

 Revista de Literatura, ano 3. Pagina 17.



Por: Jhonata Teixeirão

sábado, 23 de junho de 2012

Gêneros Literários: O Gênero Narrativo-a variante moderna do gênero épico


OS GÊNEROS LITERÁRIOS

A literatura, quanto à forma, pode se manifestar em prosa

ou verso.Quanto ao conteúdo e estrutura, podemos, inicialmente,

enquadrar as obras literárias em três gêneros: o lírico, quando um

“eu” nos passa uma emoção, um estado de espírito; o dramático,

quando “atores, num espaço especial, apresentam, por meio de

palavras e gestos, um acontecimento”; o épico, quando temos um

narrador (este último gênero inclui todas as manifestações

narrativas, desde o poema épico até o romance, a novela e o conto).



Gênero narrativo

O gênero narrativo é visto, por alguns estudiosos, como uma variante

moderna do gênero épico, caracterizando-se por se apresentar em

prosa. Manifesta-se nas seguintes modalidades:



§Romance: narração de um fato imaginário mais verossímil, que

representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.

Podemos dividi-lo em: romance de cavalaria, romance de costumes,

romance policial, romance psicológico, romance histórico etc.



§Novela: breve, mas viva narração de um fato humano notável, mais

verossímil que imaginário. É como um pequeno quadro da vida, com um

único conflito. Em geral, apresenta-se dividida em alguns poucos

capítulos.



§Conto: narração densa e breve de um episódio da vida; mais

condensada do que a novela e o romance. Em geral, não apresenta

divisão em capítulos.



§Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático; tem como objetivo

transmitir uma lição de moral.



§Crônica: o seu nome já nos dá uma dica: crônica deriva do radical latino

crono, que significa “tempo”. Daí o seu caráter: relato de acontecimentos

do tempo de hoje, de fatos do cotidiano.


Por: Jhonata Teixeirão

terça-feira, 12 de junho de 2012

Relação dos contos de Ivana Arruda Leite: Mãe, o cacete e Adélia


    Mãe, o cacete & Adélia- Análise
    Temos dois contos atuais e quase que antiquados. Antiquado, sim, pois ambas as ideias expostas no texto nos levam a crer que a sociedade pouco mudou quando o assunto é machismo. Tanto no conto Adélia quanto em Mãe, o cacete; os dois escritos por Ivana Arruda Leite, percebe-se que há critica aos padrões que a sociedade impõe as mulheres introduzidas pelas personagens das mães expressas nos textos. Em ambos os contos as mães são mulheres que não seguem os padrões, isto é, não são mães idealizadas, não são ma~es que se pode tomar como exemplo.

    A narrativa é construída a partir do relato de uma mulher que jamais queria ser como a mãe, isso em ambos os textos. No primeiro texto a narrativa desenha o perfil de uma mulher que não quer ter o casamento e a vida como fora a vida de sua mãe. No segundo a mesma ideia, porém, a mulher não quer ter mãe, pois esta seria um atraso de vida. Tal trauma deve-se a infância, quando a protagonista de Mãe, o cacete não compreendia os motivos que levavam sua mãe a lhe repreender.

    Os personagens surgem à medida que as mulheres descrevem suas vidas. A linguagem pode ser considerada como contemporânea, mantendo relação direta com o leitor e proporcionando-o fácil compreensão do que se Le, por conter vocabulário atualizado.

    Percebe-se no texto o uso do humor, das falas divertidas e cativantes, que nos fazem sentir íntimos das mulheres dos contos. O uso do humor fica claro quando se tem a repetição de uma mesma frase dentro de um próprio texto ou quando percebemos claramente a ação cômica em que os personagens são submetidos.

    Podemos dizer que os textos são contemporâneos, ou seja, os dois possuem linguagem atualizada e assuntos atuais, tais como a separação e a independência da mulher; caso do segundo texto.

    Contos como estes, que tem como protagonistas as mulheres e que estas reclamam seus direitos ou aparecem em evidência é uma característica da literatura contemporânea.


Por: Jhonata Teixeirão



domingo, 3 de junho de 2012

Os Novos Capitães da Areia


Por onde andam nossos novos Capitães da Areia?

No início da narração de Capitães da Areia, Jorge Amado usa do meio jornalístico para apresentar os meninos de rua... Eis que décadas depois vos apresento os novos capitães.

Veja o que diz o jornal online Gazeta do Povo em vinte e dois de março de dois mil e três.

Censo divulgado ontem pelo go­­verno federal mostra que o Brasil tem 23.973 crianças e adolescentes vivendo nas ruas de 75 cidades com mais de 300 mil habitantes. Essa é a primeira pesquisa que mostra a realidade dessa população. O Paraná tem a quarta maior população infantil de rua do país, com 1.172 me­­ninos e meninas. Entre os adolescentes e crianças ouvidos, 63% disseram que vivem nessa situação por causa de brigas familiares e violência doméstica.

A Fundação de Ação Social (FAS), da prefeitura de Curitiba, e a Secretaria Especial de Direitos Humanos, que encomendou o censo, foram contatadas para comentar os dados, mas não deram retorno até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa da Secretária de Estado da Criança e da Juventude informou que os coordenadores estavam em reunião e não poderiam dar entrevista.

Francisco Martins dos Santos, 19 anos, viveu por quase dois anos a realidade das ruas. Em uma família com sete irmãos, ele teve de buscar alternativas para a própria sobrevivência ainda aos 10 anos. Começou como muitos outros garotos, pedindo dinheiro durante o dia e retornando para casa à noite, mas com o passar dos meses passou a dormir embaixo de marquises. Em 2003 foi convencido a conhecer a Chácara Meninos de 4 Pinheiros, que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Hoje atua como educador social no local e faz planos para o vestibular.

Nossos novos Capitães da Areia estão descritos no fragmento a cima.

 Nos dias que seguem nossos meninos e meninas lutam por sobrevivência, porém, esqueceram o lado poeta da vida e se entregam jovens demais às drogas.

 Os capitães de Jorge eram meninos que lutavam por seus objetivos dentro das perspectivas de seu mundo, mas não faziam “mal” aos outros para satisfazerem seus vícios, no entanto, o faziam para sobreviverem e para manterem vivos seus irmãos.

O mundo perdeu sua essência. Crianças já não sonham, já não tem um plano traçado. Poucas são as que conseguem seguir o caminho diferenciado. Outra grande parte dos meninos de rua que não sonham e não possuem metas estão entregue aos vícios e morrendo sem gozar os prazeres da vida.

Chega-se a conclusão triste, de que os capitães da areia que por aqui vivem, perderam sua essência, já não lutam por dignidade e nem por um dia a mais. Não vemos mais líderes como Pedro Bala que tinha amor à seus irmãos. O que se vê é a singularidade, o egoísmo, a escória da escória que sobrou do ser humano, ainda mais àqueles pequenos seres humanos a quem a vida tanto castigou.


Por: Jhonata Teixeirão

sábado, 2 de junho de 2012

Análise da Crônica Rita- Rubem Braga


Rita
        No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus cinco anos.
        Seus cabelos castanhos- a fita azul- o nariz reto, correto, os olhos de água, o riso fino, engraçado, brusco...
        Depois um instante de seriedade; minha filha Rita encarando a vida sem medo, mas séria, com dignidade.
        Rita ouvindo música, vendo campos, mares, montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas pegando dele seu jeito de amar- sério, quieto, devagar.
        Eu lhe traria cajus amarelos e vermelhos, seus olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e também a amar os bichos tristes, a anta e a pequena cutia; e o córrego; e a nuvem tangida pela viração.
        Minha filha Rita em meu sonho me sorria- com pena deste seu pai, que nunca a teve.
Janeiro, 1995
In BRAGA, Rubem. 200 Crônicas escolhidas- As melhores de Rubem Braga.



    Rubem Braga, considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913.

    Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos textos de Rubem Braga é a "crônica poética, na qual alia um estilo próprio a um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens, pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza.”.

    A crônica de Rubem Braga fala sobre um pai que deseja ter uma filha a partir de um sonho que teve.

   Temos em mãos uma crônica pequena, porém, ampla em conteúdo. Como é lhe é peculiar, textos desse gênero possui narração curta, produzida essencialmente para ser veiculada na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas páginas de um jornal. Possui assim uma finalidade utilitária e pré-determinada: agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem.

    O Onírico se faz presente em toda crônica, pois, é a partir dele que o autor narra os fatos comentando como seria a vida do protagonista se o mesmo tivesse uma filha.

    A crônica fala de um pai que ao ter um sonho se imagina como seria ter uma filha e como poderia ensiná-la as coisas que todo pai o faz. Esta ideia do sonho se faz presente na crônica a partir deste trecho: “No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus cinco anos” e neste segundo trecho: “ Minha filha em meu sonho me sorria- com pena deste seu pai, que nunca a teve”.

    Podemos perceber também que Rubem Braga quebrou a tradição de só as mulheres poderem sonhar em ter filhos. Neste conto, observa-se um personagem que quer ter um filho sendo este personagem um homem e não uma mulher como é comum lermos. A Narrativa é simples, fazendo com que o leitor compreenda claramente o que lê.

    Esta crônica nos deixa a reflexão de que o sonho vira pesadelo quando nos despertamos dele ao acordar.

Por: Jhonata Teixeirão

Nosso Blog

    Olá leitores e amantes da Literatura! Este espaço foi criado como forma de botar em prática tudo o que fazemos ao longo da vida Acadêmica e mais, tudo o que fazemos por amor as palavras.
    Somos estudantes de Letras, da Universidade Unigranrio-RJ e disponibilizaremos aqui neste blog algumas análises literárias e assuntos ligados a Língua Portuguesa.
     Esperamos que estajamos em sintonia!


Por:  Jhonata Teixeirão, Paulo Marcelo e Ingrid Mendes.