Coincidência ou não, Hebe já inspirava autores "sérios" do período Parnasiano. Sua personalidade irreverente e seu jeito extrovertido contribuiram para que um poeta parnasiano- Raimundo Correia, escrevesse como manda a cartilha da Arte pela Arte, mas endeusando nossa musa "Hebe".
Claro, que quando o autor escreveu o poema não era de Hebe Camargo à quem ele se referia, porém, para nós, cai como luva, uma vez que o poema descreve perfeitamente como era a loira que nos encantava nas noites de Segunda.
O Vinho da Hebe- Raimundo Correia
"Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
E ela, passando, os copos lhes enchia...
A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia...
E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa...
Passa, e não torna atrás o seu caminho.
Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho. "
Neste poema Parnasiano temos uma mulher idealizada, que inspira e é comparada com uma deusa. A alegria de Hebe é comparada com o vinho, na qual enchia o cálice do povo que é subentendido como a vida das pessoas.
Hebe na ultima estrofe deixa a saudade na vida do eu-lírico, saudade esta que é descrita como vinho, O vinho da Hebe.
Por: Jhonata Teixeirão
terça-feira, 9 de outubro de 2012
A musa do Parnasianismo "Hebe"
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Análise do poema de Fagundes Varela "Cântico do Calvário"
Sua obra-prima foi o “Cântico do
Calvário”, escrito em memória do filho.
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angustias conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro
(guardador de gado, pastor)
Varela colocou neste poema todo seu sentimento, toda a dor provocada
pela perda desse filho. São versos tristes, mas ternos. Principalmente os
primeiros que são antológicos (admirável). “Eras na vida a pomba predileta que
sobre um mar de angustia conduzia o ramo da esperança...” Fica na memória de
quem lê. O leitor se enternece ao ler cada verso, sente a dor do eu-lírico...
A religiosidade aparece em todo poema
que é um lamento, um grito de dor de um homem amargurado e que se sente culpado
pela tragédia.
“...
Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!
E de meu erro a punição cruenta
Na mesma glória que elevou-me aos astros,
Chorando aos pés da cruz,hoje padeço!
O apego a religião dava uma certa esperança ao poeta de, quem sabe,
encontrar seu filhinho depois da morte. Fagundes Varela apela para a crença
numa vida pós-morte a fim de atenuar a sua dor, pois sem esperança ela seria
insuportável. E termia assim:
“... Mas não! Tu dormes no infinito
seio / Do criador dos seres!...
...Quando a morte fria / Sobre mim
sacudir o pó das asas,
Escada de Jacó serão teus raios / Por
onde asinha subira minh’alma.
Por: Jhonata Teixeirão
sábado, 22 de setembro de 2012
Análise do Poema "Lembrança de Morrer"- Álvares de Azevedo
Análise do Poema “Lembrança de Morrer”
Lembrança de Morrer
Álvares de Azevedo
"Quando em
meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem
desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo
a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o
desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo
uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu
pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoidecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma
lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à
mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei
a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem
o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras
do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas
quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa! "
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa! "
No poema “Lembrança de Morrer” o eu lírico expõe todas as
características que se fazem presentes no segundo período do romantismo. O
próprio título já nos da uma ideia do sentimento de melancolia e o apreço pela
morte, tal como a fuga do real.
Neste trecho temos a noção de como o eu
lírico está desgostoso com a vida e o quanto a levava com tédio e vivia a cada
dia não como se fosse o último, mas sim, com cansaço e querendo que este logo acabasse.
“[...] Eu deixo a vida como
deixa o tédio
Do deserto, o poento
caminheiro
-Como as horas de um longo
pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um
sineiro; [...] “.
Há um lamento em relação à vida errante,
mas dela não se arrepende, porém, sentirá saudades das coisas imaginárias a que
viveu, como, a ilusão, a realidade por ele criada, suas noites e o mistério a
que sua vida era envolvida. Saudade sentirá dos poucos amigos e dos pais, que
por ele sofreram vendo suas dores e desgostos.
Para
o poeta do “mal do século” importam suas impressões, seu mundo interior, seu
sofrimento, porém, tudo isso dentro de si, no silêncio, na imaginação, onde só
padece o corpo e quem ao redor está.
Por: Jhonata Teixeirão
Por: Jhonata Teixeirão
sábado, 8 de setembro de 2012
Arco e Flecha...
Poema Arco e Flecha- Marina Silva
Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.
Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.
Sendo assim não terei arma,
Só assim não farei a guerra.
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.
Sou o arco, sou a flecha,
Sou todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.
Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.
Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.
domingo, 29 de julho de 2012
Casa dos Rostos... Um conto de terror e suspense
Casa dos Rostos
Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um rosto pintado no chão de cimento.
Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.
Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.
Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade, era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os lábios e o queixo.
Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a "Casa dos Rostos". Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro, pendurando-o então ao lado da lareira.
Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos rostos misteriosos.
Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.
Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores contaram de nove a dezoito imagens.
Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.
O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa? Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários, parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que explicasse a origem dos retratos.
Livro Encontros Espectrais, da coleção Mistérios do Desconhecido.
Por: Jhonata Teixeirão
Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um rosto pintado no chão de cimento.
Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.
Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.
Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade, era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os lábios e o queixo.
Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a "Casa dos Rostos". Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro, pendurando-o então ao lado da lareira.
Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos rostos misteriosos.
Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.
Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores contaram de nove a dezoito imagens.
Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.
O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa? Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários, parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que explicasse a origem dos retratos.
Livro Encontros Espectrais, da coleção Mistérios do Desconhecido.
Por: Jhonata Teixeirão
domingo, 15 de julho de 2012
Nem a Rosa, Nem o cravo....
Nem
a Rosa, Nem o Cravo.
Jorge Amado
As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua
significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e
do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças
são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos
campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos
e as cidades?
Já viste um loiro trigal
balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e
seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar,
então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da
fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de
todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão
perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e
teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se
levantou monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros
que falem se quiserem das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos
variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que
falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos
crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases,
vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo
bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros boiam cadáveres de crianças
que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos
torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de
reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os
trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam
antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É
como uma nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras
inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido
destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.
Mas sei todas as palavras de
ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua
maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das
mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles
torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais
simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos,
e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos
fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de
ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível
porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo
sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os
monstros negros e os monstros verdes.
Mas eu sei todas as palavras de
ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu
falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais
trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só
0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha
do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras,
que nos impeça de ver qualquer espetáculo – desde o crepúsculo aos olhos da
amada – sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.
Jamais as tardes seriam doces e
jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas,
nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre
a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos
também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem
conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais
mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei
palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma
flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás
uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a
desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam
esmagar a poesia, o amor e a liberdade!
Por: Jhonata Teixeirão
domingo, 8 de julho de 2012
O Papel do Crítico Literário
A arte não é apenas
entretenimento. Ela também provoca reflexão e transformação. No caso da
literatura, esta ainda proporciona a aquisição de um repertório lingüístico
mais complexo, sem o qual não é possível haver conhecimento, uma vez que todo o
conhecimento humano passa pela linguagem; ou como proferiu Wittgenstein: “As
fronteiras da minha linguagem são as fronteiras do meu universo”.
A ruptura promovida pelo
Modernismo e a chegada e estabelecimento da Pós-Modernidade são argumentos de
sobra para a ruína de uma visão romântica e conservadora sobre o que é
literatura.
Em todos os suportes e mídias, em
todos os gêneros; sejam eles orais, escritos ou audiovisual; a linguagem é
usada de forma artística, logo, é objeto necessário dos estudos literários.
Assim, ao estudar a Literatura hoje, devemos abraçar toda e qualquer forma de
expressão verbal artística e intelectual. Isto abrange desde as formas mais
ancestrais (epopeia, novela, romance, conto, crônica, ensaio, epístola,
manifesto, poesia lírica, letra de música, poesia concreta, teatro, ópera...)
até as novas modalidades (roteiro de cinema, teledramaturgia, cartum, charge,
gibi, quadrinhos, spot de rádio, outdoor, slogan,
peças publicitárias para a TV, propaganda em geral, stand up comedy, blog, fanfic etc).
Todos os gêneros textuais e todos
os suportes de comunicação e expressão devem ser contemplados pelo estudo
literário e assim devem ser objeto de reflexão do profissional graduado em
Letras, sobretudo aqueles com especialização em Literatura.
Esse profissional é o crítico
literário, ou seja, um crítico de arte especializado na arte da linguagem. Ele
analisa o argumento (enredo), o contexto, o discurso, as ideologias, as
ferramentas retóricas utilizadas, o efeito proposto, o efeito obtido, a
importância política, a forma, o conteúdo; o valor sócio-cultural, filosófico,
pedagógico, histórico, além do valor estético.
O crítico literário é, portanto,
um filósofo da arte verbal. No estudo de Literatura e Teoria da Literatura, o
graduando em Letras deve obter as ferramentas para compreender a arte
literária, sua importância e função, tanto nos suportes tradicionais (livro,
teatro, folhetim, música...) quanto nos mais atuais (rádio, cinema, revista,
TV, internet).
O crítico literário é um guardião
da história, um defensor de tradições, um curador do folclore, ou seja, um
estudioso da cultura que define a identidade nacional de um povo. Mas ele
também é um pensador, um formador de opinião, um crítico das ideologias,
consequentemente, sua função essencial é pesquisar, produzir e inovar.
Sem a arte não há espírito
humano. A arte é a expressão máxima de técnica aliada a sentimento,
racionalidade aliada a experiência, idealismo aliado a empirismo, tradição
aliada a ruptura. A arte define e revela quem somos, que mitos cultivamos, em
que ideais estéticos nos espelhamos, quais sentimentos escondemos e quais
repudiamos. Como disse Lacan: “o artista precede o psicanalista”.
Logo, o
crítico literário é também um leitor e intérprete das metáforas e alegorias da
vida; um contemplador dos mitos, lendas, símbolos, arquétipos e investigador de
seus significados; um observador atento da sociedade e um estudante da psique
humana.
Por: Jhonata Teixeirão
sábado, 23 de junho de 2012
Gêneros Literários: O Gênero Narrativo-a variante moderna do gênero épico
OS
GÊNEROS LITERÁRIOS
A
literatura, quanto à forma, pode se manifestar em prosa
ou verso.Quanto
ao conteúdo e estrutura, podemos, inicialmente,
enquadrar
as obras literárias em três gêneros: o lírico, quando um
“eu”
nos passa uma emoção, um estado de espírito; o dramático,
quando
“atores, num espaço especial, apresentam, por meio de
palavras
e gestos, um acontecimento”; o épico, quando temos um
narrador
(este último gênero inclui todas as manifestações
narrativas, desde o poema épico até o
romance, a novela e o conto).
Gênero
narrativo
O
gênero narrativo é visto, por alguns estudiosos, como uma variante
moderna
do gênero épico, caracterizando-se por se apresentar em
prosa.
Manifesta-se nas seguintes modalidades:
§Romance:
narração de um fato imaginário mais verossímil, que
representa
quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.
Podemos
dividi-lo em: romance de cavalaria, romance de costumes,
romance
policial, romance psicológico, romance histórico etc.
§Novela:
breve, mas viva narração de um fato humano notável, mais
verossímil
que imaginário. É como um pequeno quadro da vida, com um
único
conflito. Em geral, apresenta-se dividida em alguns poucos
capítulos.
§Conto:
narração densa e breve de um episódio da vida; mais
condensada
do que a novela e o romance. Em geral, não apresenta
divisão
em capítulos.
§Fábula:
narrativa inverossímil, com fundo didático; tem como objetivo
transmitir uma lição de moral.
§Crônica:
o seu nome já nos dá uma dica: crônica deriva do radical latino
crono, que significa “tempo”. Daí o seu
caráter: relato de acontecimentos
do tempo de hoje, de fatos do
cotidiano.
Por: Jhonata Teixeirão
terça-feira, 12 de junho de 2012
Relação dos contos de Ivana Arruda Leite: Mãe, o cacete e Adélia
Mãe, o cacete & Adélia- Análise
Temos
dois contos atuais e quase que antiquados. Antiquado, sim, pois ambas as
ideias expostas no texto nos levam a crer que a sociedade pouco mudou quando o
assunto é machismo. Tanto no conto Adélia
quanto em Mãe, o cacete; os dois
escritos por Ivana Arruda Leite, percebe-se que há critica aos padrões que a
sociedade impõe as mulheres introduzidas pelas personagens das mães expressas
nos textos. Em ambos os contos as mães são mulheres que não seguem os padrões,
isto é, não são mães idealizadas, não são ma~es que se pode tomar como exemplo.
A narrativa é construída a partir do relato
de uma mulher que jamais queria ser como a mãe, isso em ambos os textos. No
primeiro texto a narrativa desenha o perfil de uma mulher que não quer ter o
casamento e a vida como fora a vida de sua mãe. No segundo a mesma ideia, porém,
a mulher não quer ter mãe, pois esta seria um atraso de vida. Tal trauma
deve-se a infância, quando a protagonista de Mãe, o cacete não compreendia os motivos que levavam sua mãe a lhe
repreender.
Os personagens surgem à medida que as
mulheres descrevem suas vidas. A linguagem pode ser considerada como contemporânea,
mantendo relação direta com o leitor e proporcionando-o fácil compreensão do
que se Le, por conter vocabulário atualizado.
Percebe-se no texto o uso do humor, das
falas divertidas e cativantes, que nos fazem sentir íntimos das mulheres dos
contos. O uso do humor fica claro quando se tem a repetição de uma mesma frase
dentro de um próprio texto ou quando percebemos claramente a ação cômica em que
os personagens são submetidos.
Podemos dizer que os textos são contemporâneos,
ou seja, os dois possuem linguagem atualizada e assuntos atuais, tais como a
separação e a independência da mulher; caso do segundo texto.
Contos como estes, que tem como
protagonistas as mulheres e que estas reclamam seus direitos ou aparecem em
evidência é uma característica da literatura contemporânea.
domingo, 3 de junho de 2012
Os Novos Capitães da Areia
Por
onde andam nossos novos Capitães da Areia?
No início da narração de
Capitães da Areia, Jorge Amado usa do meio jornalístico para apresentar os
meninos de rua... Eis que décadas depois vos apresento os novos capitães.
Veja o que diz o jornal
online Gazeta do Povo em vinte e dois de março de dois mil e três.
Censo
divulgado ontem pelo governo federal mostra que o Brasil tem 23.973 crianças
e adolescentes vivendo nas ruas de 75 cidades com mais de 300 mil habitantes.
Essa é a primeira pesquisa que mostra a realidade dessa população. O Paraná tem
a quarta maior população infantil de rua do país, com 1.172 meninos e
meninas. Entre os adolescentes e crianças ouvidos, 63% disseram que vivem nessa
situação por causa de brigas familiares e violência doméstica.
A Fundação de Ação Social (FAS),
da prefeitura de Curitiba, e a Secretaria Especial de Direitos Humanos, que
encomendou o censo, foram contatadas para comentar os dados, mas não deram
retorno até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa da Secretária
de Estado da Criança e da Juventude informou que os coordenadores estavam em
reunião e não poderiam dar entrevista.
Francisco Martins dos Santos, 19
anos, viveu por quase dois anos a realidade das ruas. Em uma família com sete
irmãos, ele teve de buscar alternativas para a própria sobrevivência ainda aos
10 anos. Começou como muitos outros garotos, pedindo dinheiro durante o dia e
retornando para casa à noite, mas com o passar dos meses passou a dormir
embaixo de marquises. Em 2003 foi convencido a conhecer a Chácara Meninos de 4
Pinheiros, que acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Hoje atua como educador social no local e faz planos para o vestibular.
Nossos novos Capitães da
Areia estão descritos no fragmento a cima.
Nos dias que seguem nossos meninos e meninas
lutam por sobrevivência, porém, esqueceram o lado poeta da vida e se entregam
jovens demais às drogas.
Os capitães de Jorge eram meninos que lutavam
por seus objetivos dentro das perspectivas de seu mundo, mas não faziam “mal”
aos outros para satisfazerem seus vícios, no entanto, o faziam para
sobreviverem e para manterem vivos seus irmãos.
O mundo perdeu sua essência.
Crianças já não sonham, já não tem um plano traçado. Poucas são as que conseguem
seguir o caminho diferenciado. Outra grande parte dos meninos de rua que não
sonham e não possuem metas estão entregue aos vícios e morrendo sem gozar os
prazeres da vida.
Chega-se a conclusão triste,
de que os capitães da areia que por aqui vivem, perderam sua essência, já não
lutam por dignidade e nem por um dia a mais. Não vemos mais líderes como Pedro
Bala que tinha amor à seus irmãos. O que se vê é a singularidade, o egoísmo, a
escória da escória que sobrou do ser humano, ainda mais àqueles pequenos seres
humanos a quem a vida tanto castigou.
Por: Jhonata Teixeirão
Por: Jhonata Teixeirão
sábado, 2 de junho de 2012
Análise da Crônica Rita- Rubem Braga
Rita
No meio da noite despertei sonhando com minha filha
Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus cinco anos.
Seus cabelos castanhos- a fita azul- o nariz
reto, correto, os olhos de água, o riso fino, engraçado, brusco...
Depois um instante de seriedade; minha filha Rita
encarando a vida sem medo, mas séria, com dignidade.
Rita ouvindo música, vendo campos, mares,
montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas
pegando dele seu jeito de amar- sério, quieto, devagar.
Eu lhe traria cajus amarelos e vermelhos, seus
olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e também a amar os
bichos tristes, a anta e a pequena cutia; e o córrego; e a nuvem tangida pela
viração.
Minha filha Rita em meu sonho me sorria- com
pena deste seu pai, que nunca a teve.
Janeiro, 1995
In BRAGA, Rubem. 200 Crônicas escolhidas- As
melhores de Rubem Braga.
Rubem Braga,
considerado por muitos o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis,
nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, ES, a 12 de janeiro de 1913.
Segundo o crítico Afrânio Coutinho, a marca registrada dos textos de Rubem Braga é a
"crônica poética, na qual alia um estilo próprio a
um intenso lirismo, provocado pelos acontecimentos cotidianos, pelas paisagens,
pelos estados de alma, pelas pessoas, pela natureza.”.
A crônica de Rubem Braga fala sobre um pai que deseja ter uma filha a
partir de um sonho que teve.
Temos em mãos uma crônica pequena, porém, ampla em conteúdo. Como é lhe
é peculiar, textos desse gênero possui narração curta, produzida essencialmente
para ser veiculada na imprensa, seja nas páginas de uma revista, seja nas
páginas de um jornal. Possui assim uma finalidade utilitária e pré-determinada:
agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma
localização, criando-se assim, no transcurso dos dias ou das semanas, uma
familiaridade entre o escritor e aqueles que o leem.
O Onírico se faz presente em toda crônica, pois, é a partir dele que o
autor narra os fatos comentando como seria a vida do protagonista se o mesmo
tivesse uma filha.
A crônica fala de um pai que ao
ter um sonho se imagina como seria ter uma filha e como poderia ensiná-la as
coisas que todo pai o faz. Esta
ideia do sonho se faz presente na crônica a partir deste trecho: “No meio da noite
despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na graça de seus
cinco anos” e neste segundo trecho: “ Minha filha em meu sonho me sorria- com
pena deste seu pai, que nunca a teve”.
Podemos perceber também que Rubem Braga quebrou a tradição de só as
mulheres poderem sonhar em ter filhos. Neste conto, observa-se um personagem que
quer ter um filho sendo este personagem um homem e não uma mulher como é
comum lermos. A Narrativa é simples, fazendo com que o leitor compreenda claramente
o que lê.
Esta crônica nos deixa a reflexão de que o sonho vira pesadelo quando nos
despertamos dele ao acordar.
Por: Jhonata Teixeirão
Nosso Blog
Olá leitores e amantes da Literatura! Este espaço foi criado como forma de botar em prática tudo o que fazemos ao longo da vida Acadêmica e mais, tudo o que fazemos por amor as palavras.
Somos estudantes de Letras, da Universidade Unigranrio-RJ e disponibilizaremos aqui neste blog algumas análises literárias e assuntos ligados a Língua Portuguesa.
Esperamos que estajamos em sintonia!
Por: Jhonata Teixeirão, Paulo Marcelo e Ingrid Mendes.
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