terça-feira, 9 de outubro de 2012

A musa do Parnasianismo "Hebe"

   Coincidência ou não, Hebe já inspirava autores "sérios" do período Parnasiano.  Sua personalidade irreverente e seu jeito extrovertido contribuiram para que um poeta parnasiano- Raimundo Correia, escrevesse como manda a cartilha da Arte pela Arte, mas endeusando nossa musa "Hebe".
    Claro, que quando o autor escreveu o poema não era de Hebe Camargo à quem ele se referia, porém, para nós, cai como luva, uma vez que o poema descreve perfeitamente como era a loira que nos encantava nas noites de Segunda.


O Vinho da Hebe- Raimundo Correia

"Quando do Olimpo nos festins surgia
Hebe risonha, os deuses majestosos
Os copos estendiam-lhe, ruidosos,
E ela, passando, os copos lhes enchia...


A Mocidade, assim, na rubra orgia
Da vida, alegre e pródiga de gozos,
Passa por nós, e nós também, sequiosos,
Nossa taça estendemos-lhe, vazia...


E o vinho do prazer em nossa taça
Verte-nos ela, verte-nos e passa...
Passa, e não torna atrás o seu caminho.


Nós chamamo-la em vão; em nossos lábios
Restam apenas tímidos ressábios,
Como recordações daquele vinho. "



    Neste poema Parnasiano temos uma mulher idealizada, que inspira e é comparada com uma deusa. A alegria de Hebe é comparada com o vinho, na qual enchia o cálice do povo que é subentendido como a vida das pessoas.
    Hebe na ultima estrofe deixa a saudade na vida do eu-lírico, saudade esta que é descrita como vinho, O vinho da Hebe.



Por: Jhonata Teixeirão

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Análise do poema de Fagundes Varela "Cântico do Calvário"


Sua obra-prima foi o “Cântico do Calvário”, escrito em memória do filho.

 

Eras na vida a pomba predileta

Que sobre um mar de angustias conduzia

O ramo da esperança. - Eras a estrela

Que entre as névoas cintilava

Apontando o caminho ao pegureiro (guardador de gado, pastor)

 

     Varela colocou neste poema todo seu sentimento, toda a dor provocada pela perda desse filho. São versos tristes, mas ternos. Principalmente os primeiros que são antológicos (admirável). “Eras na vida a pomba predileta que sobre um mar de angustia conduzia o ramo da esperança...” Fica na memória de quem lê. O leitor se enternece ao ler cada verso, sente a dor do eu-lírico...

 

A religiosidade aparece em todo poema que é um lamento, um grito de dor de um homem amargurado e que se sente culpado pela tragédia.

 

“...  Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem!

      E de meu erro a punição cruenta

      Na mesma glória que elevou-me aos astros,

      Chorando aos pés da cruz,hoje padeço!

 

    O apego a religião dava uma certa esperança ao poeta de, quem sabe, encontrar seu filhinho depois da morte. Fagundes Varela apela para a crença numa vida pós-morte a fim de atenuar a sua dor, pois sem esperança ela seria insuportável. E termia assim:

“... Mas não! Tu dormes no infinito seio / Do criador dos seres!...

...Quando a morte fria / Sobre mim sacudir o pó das asas,

Escada de Jacó serão teus raios / Por onde asinha subira minh’alma.
 
 
Por: Jhonata Teixeirão